“La habitacion de Fermat”
O primeiro filme de Luís Piedrahita e Rodrigo Sopeña recebe dois prémios no 28º Edição do Fantas Porto, na Secção Oficial Cinema Fantástico na Categoria de Melhor Argumento e alcançando ainda o Méliès de Prata do Festival.
Tanto Luís Piedrahita e Rodrigo Sopeña são conhecidos por serem argumentistas de stand up comedy. As suas críticas destinam-se, principalmente, à televisão e rádio espanholas.
A história de “La habitacion de Fermat”, o primeiro filme de ambos os realizadores, gira em torno de quatro matemáticos desconhecidos que são convidados por uma misteriosa personagem apelidada de Fermat. Sobre o pretexto de serem mentes brilhantes são atraídos a desvendar um aliciante enigma. Uma vez todos juntos, percebem que as suas vidas dependem, unicamente, das suas capacidades em resolver problemas matemáticos.
O filme não se revelou eficaz, a narrativa arrisca criar uma pressão em torno da constante ameaça que os personagens se encontram e a resolução das dificuldades, para assim absorver o público nesta problemática. Todavia esta dualidade falha. O público não é cativado, porque o que seria de esperar, desta história seriam enigmas que absorvessem tanto o público como as próprias personagens. O que se constata é que brilhantes matemáticos são confrontados com enigmas do entendimento geral. São aqueles problemas que todos nós tivemos acesso quando éramos pequenos e tinham como intuito “puxarmos” pela cabeça. Levanta-se então a questão da necessidade de serem as personagens matemáticos ou não. Contudo é compreensível a opção dos realizadores em usar estes pequenos problemas populares; usam-nos para terem espaço para desenvolver as relações entre as personagens.
O filme está recheado de bons actores, mas mais uma vez o argumento falha na interligação das personagens. A situação criada para juntar as personagens e para explorar as suas relações baseia-se na ameaça de morte. No entanto perante uma situação de eminente perigo, onde a única solução para ganhar algum tempo é a resolução de problemas, os personagens, pessoas que baseiam a sua vida no raciocínio reagem de forma muito pouco racional, entrando em paranóia.
Porém apesar de tudo isto, o filme ganhou o prémio de melhor argumento e o Méliès de prata da 28º Edição do Festival Fantas Porto. Estes prémios são sustentados pelo facto da excelente maturidade que estes jovens realizadores apresentaram na “La habitacion de Fermat”, conseguindo provar um suficiente domínio da linguagem técnica inerente à construção de uma intriga cinematográfica. Nota-se uma cuidada atenção às opções estéticas, a fotografia do filme e à caracterização do espaço, que se revela excelente.
Estes realizadores têm um longo caminho a percorrer e este filme é a prova que ainda estão muito ligados à escrita de pequenos sketchs, que se constroem e articulam de um diferente modo em comparação com um argumento cinematográfico.